Mãe e filho, treinadora e atleta: Conheça a família Sena Bonfim da Marcha Atlética

Por AIPS América

11 de agosto de 2019

Por  Philipe Rabelo (brasil) – Jornalista Jovem AIPS América

LIMA, Peru, 11 de agosto de 2019.- Sentados lado a lado assistindo a competição de arremesso de pesos estavam Gianetti e Caio Bonfim, os dois comentavam a prova com aquela afinidade de melhores amigos. Mais do que amigos, Gianetti é a treinadora de Caio e, além disso, é a mãe do atleta. Caio está com 28 anos conquistou nos jogos de Lima a prata nos 20km.

A marcha atlética se tornou um esporte de família. O Caio ainda bebê foi um dos responsáveis pela entrada da mãe na categoria e Gianetti, anos depois, acabou levando o Caio para o esporte. Essa história começou quando Gianetti estava na escola e foi convidada pelo professor de educação física para praticar corrida. Com o tempo ela e o professor João Sena começaram a namorar, casaram e nasceu o Caio.  Após a gestação, Gianetti afirma que não conseguiu voltar ao peso original e, por isso, parou de correr. «Eu engordei bastante na gravidez, o Caio nasceu, já estava com 7 meses e eu continuava 10 kilos acima do meu peso ideal, mas queria voltar a ser atleta e a competir», contou.

João, que sempre foi o treinador de Gianetti, disse que não poderia colocá-la para competir a prova de corrida de 5 ou 10 mil metros. Só havia uma alternativa possível para que a atleta de 29 anos competisse: A marcha atlética. A categoria consiste em marchar sempre mantendo um dos pés tocando o chão e não flexionar o joelho da perna que dá o passo para frente. Gianetti nunca teve interesse pela modalidade, mas aceitou o desafio. Três dias antes da prova ela treinou com outro atleta da categoria e foi para a competição, da qual saiu campeã no ano de 1991. «Eu fiquei surpresa, mas gostei. Havia um treinador de marcha atlética na prova que disse que eu levava jeito e que poderia ter ótimos resultados se me dedicasse aos treinos. Aquilo me despertou interesse», revelou.

A partir daí Gianetti se destacou em tudo. Ela foi primeira mulher do Brasil a ganhar uma prova internacional. Além disso, foi campeã brasileira 8 vezes consecutivas. A atleta se aposentou aos 43 anos e teve uma carreira longa, que durou 21 anos, somando corrida e marcha.

O talento para as provas é genético e está na família Sena Bonfim.  Caio sempre jogou bola, mas aos 16 anos decidiu ser marchador. Logo na primeira vez que foi a um campeonato conquistou o terceiro lugar. No dia seguinte alcançou a prata. Com 21 anos participou da primeira olimpíada em Londres, no ano de 2012 e conquistou a 39ª posição. Nos jogos Rio 2016 ficou em 4º lugar. Este ano, antes de vir para Lima, ele alcançou a marca da mãe e conquistou o oitavo título seguido no campeonato brasileiro.

Jogador de Dominó

Mas nem tudo foi apenas talento. Quando Caio tinha 1 ano de idade, as perninhas dele começaram a arquear. Com 2 anos e 8 meses ele passou por uma cirurgia agressiva, em que serrou os ossos principais das duas pernas (fíbula e  tíbia). «18 anos depois encontrei com o doutor Álvaro, que me operou no Sarah Kubitschek de Brasília. Quando ele me viu e descobriu que eu era atleta de marcha atlética ficou louco, disse que tinha feito a cirurgia para que eu fosse, no máximo, jogador de dominó, jamais marchador», lembrou.

 O atleta disse que nunca saberia dessa história se a mãe não tivesse contado. A relação entre os dois é ótima e isso fica claro em minutos de conversa. Caio afirma que não é um filho comum, mas é amigo dos pais «A gente vive coisas juntos que só o esporte proporciona. Conhecemos o mundo juntos, nas competições ficamos no mesmo quarto. Quantos atletas não gostariam de ter os pais por perto?» questionou.

Mesmo com tanta proximidade eles afirmam que o respeito e os limites são claros. Gianetti explica que ser treinadora do filho é uma missão difícil, sobretudo na hora das competições. «Eu não sei separar a treinadora da mãe. Na hora das competições eu sofro muito, fico nervosa, o coração falta sair pela boca. Sinto coisas que eu não sentia quando era atleta» revelou.

No entanto, para os treinos do dia-a-dia essa proximidade facilita. Ela explica que conhece todas as necessidades do filho, as dificuldades e que é mais fácil ajudar na alimentação, no controle das horas de sono. «os outros atletas vão para casa e eu não sei o que eles fazem», disse.

Essa cumplicidade entre mãe e filho se dá no olhar.  Caio lembra que em 2013, durante o campeonato de Moscou, faltando 80 metros para o fim da prova ele foi desclassificado. Quem estava ao lado dele era a mãe, os dois se olharam e começaram a chorar. Caio se sentiu impotente. «eu não perdi, me tiraram a chance de ganhar, não consegui concluir a prova». Já Gianetti se sentiu irada «Fiquei com muita raiva, me deu vontade de quebrar tudo».

Mas não são apenas as tristezas que são compartilhadas. Caio se lembra de uma frase emblemática da mãe: «Caio, chama a responsabilidade».  Aos 6 anos de idade ele ouviu o comando pela primeira vez durante uma partida de futsal. O time no qual jogava perdia de um a zero, ao olhar para arquibancada e ouvir a mãe gritando, não entendeu o que aquilo significava, mas acabou marcando dois gols e saíram campeões.

20 anos depois, no mundial de Londres, em 2017, enquanto estava ultrapassando o terceiro colocado, Caio também foi ultrapassado por outro competidor e acabou voltando para a quarta posição. Ele ouviu a mãe gritar «Caio, chama a responsabilidade» e acabou se lembrando do episódio do futsal, se concentrou, deu o máximo de si e conquistou o bronze, que foi a primeira medalha do Brasil na marcha atlética em uma competição mundial.

Movido a desafios

Caio afirma que os desafios o inspiram. Ele veio para o Pan-Americano e deixou o filho nascido há um mês com a esposa Juliana. O atleta afirma que não quer que as pessoas sintam pena dele, ao contrário, ele diz que o sacrifício o motiva a treinar melhor e conseguir resultados mais emblemáticos.

O atleta, de muito bom humor, inclusive brincou com o fato do filho ter nascido prematuro. «A previsão do nascimento era para o dia 6 de agosto, no meio das competições, mas Deus me mandou o Miguel 15 dias antes e eu pude passar um tempinho com ele antes de vir para Lima. O pior já passou, em breve volto para ficar com a minha família e ainda vou levar uma medalha pra ele brincar», contou.  

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